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domingo, 25 de julho de 2010

Os manguezais de Búzios

Sex, 23/Jul/2010 00:00 Arthur Soffiati
Arthur Soffiati - Ecologia e História - as-netto@uol.com.br

Manguezal da Praia de Manguinhos
Na Ponta da Sapata, extremidade setentrional da Praia de Manguinhos, encontra-se outro belo exemplar de manguezal de franja, com árvores de mangue branco e mangue preto bem enraizadas e com grande porte. Ele é maior que o manguezal de pedra. O local é o último bastante protegido da energia oceânica, permitindo a constituição de um manguezal deste tipo. Ele bem poderia integrar o Parque Estadual da Costa do Sol. Porém, a praia é quase privatizada por um resort, embora o contexto vegetacional apresente qualidade para uma unidade de conservação de proteção integral. Cabe, pois, examinar sua inclusão no Parque Estadual da Costa do Sol.
Manguezal da Praia da Foca
A Praia da Foca é uma pequena reentrância na Praia do Forno, no lado do promontório de Búzios voltado para mar aberto. Não há cursos d’água nesta vertente para assegurar um manguezal ribeirinho. Dificilmente um manguezal de borda poderia se desenvolver ali por conta da alta energia oceânica, mas a concavidade da praia e a barreira de pedras permitiu que propágulos de mangue preto (Avicennia schaueriana) ou também de outras espécies, ao que tudo indica provenientes do manguezal da Ponta da Sapata, tenham sido lançados ali pelas marés ou pelas ondas do mar. Se propágulos de outras espécies também aportaram na Praia da Foca, apenas a Avicennia schaueriana vingou. Cabe aqui a breve explicação de que o ponto meridional extremo de distribuição de Avicennia germinans, a outra espécie de mangue preto dos manguezais brasileiros, situa-se no Rio Macaé. Abaixo dele, até agora, só há registro de Avicennia schaueriana, sendo que esta espécie se encontra acima do Rio Macaé.

A Praia de Foca ainda apresenta índices de conservação elevados, não apenas com o pequeno manguezal de mangue preto, mas com vegetação de costão rochoso e com a vegetação típica de Búzios. Ela está incluída no Parque Municipal da Lagoinha, mas corre risco de ser alcançada pela urbanização acelerada do balneário. Sugere-se que este ponto seja transformado em mais um núcleo do Parque Estadual da Costa do Sol e incorporado a ele, pois, pelo seu estado de abandono, parece não interessar ao município.
A proposta
Sabemos que o projetado Parque Estadual da Costa do Sol contemplou o ecossistema manguezal em sua originalíssima concepção de fragmentos nucleares, mas nenhum manguezal de franja, muito raro no Estado do Rio de Janeiro, e o fragmento da mata da restinga que causou forte impressão em Maximiliano de Wied-Neuwied e em Auguste de Saint-Hilaire. Esta proposta incluiria mais quatro núcleos acima do Núcleo Emerencias, dando sequência a ele:
1- Núcleo Praia da Foca;
2- Núcleo da Ponta da Sapata;
3- Núcleo da Praia de Pedra;
4- Núcleo Una-Restinga de São João.
O autor da proposta entende quão difícil é a implementação de um uma unidade de conservação de proteção integral, como um Parque, numa área que apresentava natureza exuberante e contínua, a exemplo do que hoje se denomina Costa do Sol, a ponto de só ser viável um Parque constituído por fragmentos. A continuidade foi quebrada por uma violenta ocupação urbana e turística para proporcionar um turismo de luxo, mas a altos custos ambientais.
Mesmo assim, a intenção é, aqui, proteger outras áreas condenadas à destruição, pois que situadas em Búzios, um dos municípios mais problemáticos do Estado do Rio de Janeiro quanto ao uso do solo. Outro grande problema é conseguir a transferência de um bosque de restinga destinado à Marinha como campo de provas de tiro.
Seja como for, a proposta pode se abrir em três perspectivas: 1- Os núcleos indicados integram o Parque Estadual da Costa do Sol. 2- Os quatro núcleos são integrados numa nova unidade de conservação. 3- Cada núcleo se transforma numa unidade de conservação, como é o caso do Parque Municipal da Lagoinha, embora esta solução acarrete problemas de gestão.
Fonte:http://www.portaldomeioambiente.org.br/colunistas-da-rebia/arthur-soffiati/4824-os-manguezais-de-buzios-final.html

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